Retrato de Madeleine (1800), Marie-Guillemine Benoist
Por Sidney Falcão Marie-Guillemine Benoist (1768-1826) emergiu em meio ao neoclassicismo francês, um cenário dominado por convenções acadêmicas e pela preponderância masculina. Discípula de com Jacques-Louis David (1748-1825) e Élisabeth Vigée Le Brun (1755-1842, absorveu a precisão técnica e a sensibilidade psicológica que marcariam sua obra. No Salão de Paris, suas pinturas se destacaram pelo rigor formal e pelo olhar atento às transformações sociais. No entanto, sua trajetória foi abruptamente interrompida pela Restauração Bourbon. O casamento, que outrora não impediu sua ascensão, tornou-se um obstáculo definitivo quando seu marido assumiu um cargo no Conselho de Estado. Afastada da pintura profissional, deixou, contudo, um legado inegável. O Retrato de Madeleine permanece como um marco, não apenas pelo virtuosismo técnico, mas pela ousadia de inserir no cânone neoclássico uma narrativa que desafiava as hierarquias raciais e de gênero. Benoist, assim, inscreveu se...