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“Nu Descendo Uma Escada Nº2” (1912), Marcel Duchamp.

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Por Sidney Falcão  “A origem é o nu em si mesmo. Fazer um nu diferente do clássico,deitado, em pé, e colocá-lo em movimento. Havia ali alguma coisa de engraçado, que não era tão engraçado quando eu fiz. O movimento apareceu como um argumento para que eu me decidisse a fazê-lo. No “Nu Descendo Uma Escada”, eu queria criar uma imagem estática do movimento: movimento é uma abstração, uma dedução articulada no interior da pintura. No fundo, o movimento é o olho do espectador que incorpora o quadro” .  Marcel Duchamp em entrevista a Pierre Cabane.   Nu Descendo Uma Escada Nº2 , de Marcel Duchamp (1887-1968), nada mais é do que um nu artístico, tema tão freqüente na História da Arte e retratado por vários artistas ao longo dos séculos. A diferença, é que Duchamp quebra um tabu: pela primeira vez, pinta, numa só imagem, a seqüência do movimento de uma figura nua andando.   Duchamp já vinha de uma experiência semelhante, com a tela Jovem Triste Num Trem (1911), ao registrar dois movimento

“Baco e Ariadne” (1520-1523), Ticiano

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Por Sidney Falcão   Alfonso I d’Este (1476-1535), o Duque de Ferrara, foi um homem rico e poderoso que, por quase 30 anos, comandou o Ducado de Ferrara, no norte da Itália. Desde jovem, o duque nutria uma paixão pelas artes, e por ser um homem afortunado e influente, tornou-se um patrono das artes durante. Para decorar o seu gabinete, decidiu encomendar quadros com cenas mitológicas. Há uma história de que o Duque de Ferrara teria encomendado as pinturas a Rafael Sanzio, e que ele até teria feito os primeiros estudos para a pintura, mas havia morrido precocemente em 1520, aos 35 anos. Dado a essa tragédia, o nobre encomendou as obras que desejava a Ticiano (1488-1576), um dos mais importantes pintores renascentistas de Veneza, uma série de três telas: Bacanal dos Andros (ou Bacanal dos Adrianos , 1518-1519), Adoração de Vênus (1518-1520) e Baco e Ariadne (1520-1523). O Duque de Ferrara ainda teria encomendado mais uma pintura a outro importante pintor renascentista veneziano, Gi

“Abaporu” (1928), Tarsila do Amaral

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Por Sidney Falcão O que a princípio era apenas um presente de aniversário, tornou-se não apenas o ponto de partida para o surgimento de um importante movimento artístico modernista, mas também consolidando-se como uma das obras mais emblemáticas da História da Arte brasileira. Trata-se da tela “Abaporu”, de Tarsila do Amaral.  Proveniente da fase artística conhecida como Pau Brasil, caracterizada pela utilização das "cores caipiras" e formas estilizadas de influência cubista, Tarsila do Amaral (1886-1973) retratava a ambientação do interior do Brasil com suas frutas tropicais, caboclos e vilarejos. Em 1928, concebeu o que viria a ser sua obra-prima, talvez sem antever a revolução que sua peculiar pintura desencadearia.  Essa história singular teve início quando a obra foi presenteada ao escritor Oswald de Andrade (1890-1954), na ocasião, marido de Tarsila. A figura humana estilizada, com um pé desproporcional, um braço avantajado e outro diminuto, além de uma cabeça ínf

“A Aula de Dança” (1871-1874), Edgar Degas

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Por Sidney Falcão O pintor francês Edgar Degas (1834-1917), um dos mestres do Impressionismo, costumava frequentar o Teatro Ópera de Paris, não apenas como espectador em dias de espetáculo. Ele gostava também de frequentar os bastidores daquele célebre teatro, em especial, os ensaios das aulas das bailarinas. O hábito de ver aquelas aulas acabou despertando em Degas a ideia de fazer das bailarinas um tema para a sua arte, a partir de 1870.  Dali em diante, Degas dedicava horas desenhando aquelas bailarinas, capitando da melhor maneira possível, os seus movimentos. No entanto, não interessava para Degas desenhar ou pintar as bailarinas dançando para o público sob as luzes glamurosas dos espetáculos. Interessava para ele retratá-las nos ensaios, nos momentos preparatórios, na intimidade, registrando nas suas telas e desenhos, as expressões de concentração, de cansaço e o esforço nos treinamentos, repetindo cada movimento após algum erro cometido. Assim como as bailarinas treinavam ao máx

“Falcões Noturnos” (1942), Edward Hopper

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Por Sidney Falcão Edward Hopper (1882-1967) destacou-se como um dos mais importantes artistas da pintura realista norte-americana. Sua obra se caracteriza por retratar ambientes urbanos, como bares, hotéis, lojas e restaurantes, permeados por uma profunda solidão, desolação e melancolia, aspectos que o aproximam, de certa forma, da pintura metafísica do italiano Giorgio de Chirico (1888-1978). "Falcões Noturnos", também conhecida como "Nighthawks", é a tela mais famosa de Hopper e incorpora todos os elementos que definem a arte desse pintor norte-americano. A introspecção, a sensação de solidão e a atmosfera melancólica presentes na obra refletem os efeitos das transformações na sociedade americana. Estes efeitos são resultados do consumo e do individualismo, crescentes em uma América pós-2ª Guerra, que desfrutava das "maravilhas" da vida moderna. Hopper iniciou a pintura desta obra após o ataque japonês à base de Pearl Harbor, no Havai, em 7 de dezembro d

“Adoração dos Reis Magos” (1506) Vasco Fernandes

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Por Sidney Falcão Seu nome verdadeiro era Vasco Fernandes, mas tornou-se um ícone da pintura quinhentista portuguesa como Grão Vasco (1475-1542). Vasco executou trabalhos célebres como o retábulo da Sé de Lamego (Portugal) e “Pentecostes”, retábulo para o Mosteiro da Santa Cruz, em Coimbra (Portugal). A arte de Vasco Fernandes tinha uma forte influência da pintura flamenga e da pintura renascentista italiana.  “Adoração dos Reis Magos” figura entre os seus trabalhos mais importantes, onde se nota as influências citadas, sobretudo a italiana. No entanto, um detalhe na obra chama a atenção do espectador e torna-a diferente das outras obras do mesmo tema. Dos três reis magos, o rei negro Baltazar é substituído por um índio brasileiro, uma clara referência à chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, ou seja, seis anos antes da conclusão desta pintura.   O traje do nobre índio representado é um misto de elementos indígenas com europeus, que ainda segura numa mão, um presente para o Meni

"Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte" (1886), George Seurat.

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Por Sidney Falcão Em 1886, os impressionistas organizaram a sua última exposição coletiva. Nessa última exposição coletiva, dois jovens pintores, George Seurat (1859-1891) e Paul Gignac (1863-1935), mostraram através das suas telas, uma nova proposta técnica que renderia um novo desdobramento no movimento impressionista: o Pontilhismo. O Pontilhismo, também chamado de Divisionismo, é uma ramificação impressionista cuja técnica, consiste na justaposição de pontos coloridos proporcionando uma mistura cromática na retina do observador. Igualmente a Signac, Seurat prosseguiu incessantemente as pesquisas iniciadas pela primeira geração de impressionistas sobre os efeitos da luz solar nos objetos e as alterações que ela provoca nas cores da natureza. Contudo, o que diferenciava a pintura dos dois artistas da dos pioneiros impressionistas, é a técnica de execução. Ao invés das pinceladas dos primeiros impressionistas, Seurat e Signac desenvolveram o sistema de minúsculos pontos