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Mostrando postagens de abril, 2024

"O Beijo"(1908), Gustav Klimt

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Por Sidney Falcão Gustav Klimt (1862-1918) alcançou o ápice de sua carreira durante o auge da Art Nouveau na Áustria, notabilizando-se por uma mescla agradável de suntuosidade e erotismo em suas obras, que frequentemente desafiavam as convenções sociais da Viena da época. Como líder proeminente da Secessão de Viena, movimento de vanguarda que contestava o conservadorismo cultural, Klimt contribuiu significativamente para a renovação do panorama artístico. A tela O Beijo , pintada em 1908, representa um marco emblemático nesse período, conhecido como "Período Dourado" do artista. Caracterizado por figuras humanas envoltas em mantos ornados com motivos geométricos sobre fundos dourados, este estilo distintivo proporcionou uma fusão única entre realismo e abstração, evocando, por vezes, reminiscências da arte egípcia em seus grafismos. Embora muitas de suas obras desse período possuam uma presença masculina, é inegável que a figura feminina assuma um protagonismo na expres

“Nu Descendo Uma Escada Nº2” (1912), Marcel Duchamp.

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Por Sidney Falcão  “A origem é o nu em si mesmo. Fazer um nu diferente do clássico,deitado, em pé, e colocá-lo em movimento. Havia ali alguma coisa de engraçado, que não era tão engraçado quando eu fiz. O movimento apareceu como um argumento para que eu me decidisse a fazê-lo. No “Nu Descendo Uma Escada”, eu queria criar uma imagem estática do movimento: movimento é uma abstração, uma dedução articulada no interior da pintura. No fundo, o movimento é o olho do espectador que incorpora o quadro” .  Marcel Duchamp em entrevista a Pierre Cabane.   Nu Descendo Uma Escada Nº2 , de Marcel Duchamp (1887-1968), nada mais é do que um nu artístico, tema tão freqüente na História da Arte e retratado por vários artistas ao longo dos séculos. A diferença, é que Duchamp quebra um tabu: pela primeira vez, pinta, numa só imagem, a seqüência do movimento de uma figura nua andando.   Duchamp já vinha de uma experiência semelhante, com a tela Jovem Triste Num Trem (1911), ao registrar dois movimento

“Baco e Ariadne” (1520-1523), Ticiano

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Por Sidney Falcão   Alfonso I d’Este (1476-1535), o Duque de Ferrara, foi um homem rico e poderoso que, por quase 30 anos, comandou o Ducado de Ferrara, no norte da Itália. Desde jovem, o duque nutria uma paixão pelas artes, e por ser um homem afortunado e influente, tornou-se um patrono das artes durante. Para decorar o seu gabinete, decidiu encomendar quadros com cenas mitológicas. Há uma história de que o Duque de Ferrara teria encomendado as pinturas a Rafael Sanzio, e que ele até teria feito os primeiros estudos para a pintura, mas havia morrido precocemente em 1520, aos 35 anos. Dado a essa tragédia, o nobre encomendou as obras que desejava a Ticiano (1488-1576), um dos mais importantes pintores renascentistas de Veneza, uma série de três telas: Bacanal dos Andros (ou Bacanal dos Adrianos , 1518-1519), Adoração de Vênus (1518-1520) e Baco e Ariadne (1520-1523). O Duque de Ferrara ainda teria encomendado mais uma pintura a outro importante pintor renascentista veneziano, Gi

“Abaporu” (1928), Tarsila do Amaral

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Por Sidney Falcão O que a princípio era apenas um presente de aniversário, tornou-se não apenas o ponto de partida para o surgimento de um importante movimento artístico modernista, mas também consolidando-se como uma das obras mais emblemáticas da História da Arte brasileira. Trata-se da tela “Abaporu”, de Tarsila do Amaral.  Proveniente da fase artística conhecida como Pau Brasil, caracterizada pela utilização das "cores caipiras" e formas estilizadas de influência cubista, Tarsila do Amaral (1886-1973) retratava a ambientação do interior do Brasil com suas frutas tropicais, caboclos e vilarejos. Em 1928, concebeu o que viria a ser sua obra-prima, talvez sem antever a revolução que sua peculiar pintura desencadearia.  Essa história singular teve início quando a obra foi presenteada ao escritor Oswald de Andrade (1890-1954), na ocasião, marido de Tarsila. A figura humana estilizada, com um pé desproporcional, um braço avantajado e outro diminuto, além de uma cabeça ínf