O Baile No Moulin De La Galette (1876), Renoir

Por Sidney Falcão No final do século XIX, enquanto a fotografia ganhava força como nova linguagem visual, a pintura buscava renovar-se diante dos olhos apressados da modernidade. Foi nesse instante de ruptura e reinvenção que Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) concebeu O Baile no Moulin de la Galette , em 1876. Trata-se de um quadro que pulsa. Uma imagem viva, quase sonora, onde luz, cor e movimento se entrelaçam em ritmo dançante, como se a tela respirasse o mesmo ar da tarde representada. A obra, hoje entre as mais conhecidas do Impressionismo, simboliza uma nova atitude diante do mundo: a pintura não mais como janela estática, mas como experiência sensorial. Em tempos de belle époque , quando Paris vivia uma euforia de progresso, arte e sociabilidade, Renoir elevou uma cena cotidiana à categoria de arte eterna. Ao registrar um baile ao ar livre, ele não apenas pintou; ele capturou um clima, uma mentalidade, uma forma de estar no mundo. A cena se passa no coração de...