Golconda (1953), René Magritte
Por Sidney Falcão Considerado um dos mais emblemáticos mestres do surrealismo, René Magritte (1898 - 1967) tinha o dom raro de desconstruir o óbvio e transformar a realidade em enigma. Com pinceladas meticulosas e uma imaginação inquieta, ele desafiava as percepções convencionais e conduzia o observador a um mundo onde o banal se tornava extraordinário. Golconda , uma de suas obras mais icônicas, fascina o público há décadas com sua atmosfera intrigante e sua disposição calculada de elementos que flutuam entre o real e o onírico. A tela, concluída em 1953, reflete a fase madura do artista, em que a precisão formal se alia ao questionamento filosófico. Magritte sempre teve um talento especial para transformar o banal em inquietante. Seu traço preciso, quase fotográfico, engana o olhar, fazendo-nos crer que aquilo que vemos é plausível. Mas não é. Golconda se vale dessa ilusão para nos jogar no impensado: a cidade é real, os prédios possuem estrutura concreta, o céu azul é rec...