“Big Self-Portrait” (1968), Chuck Close
Por Sidney Falcão
Quando todos pensavam que o realismo na arte tinha sido
eclipsado pela Arte Moderna no início do século XX, eis que esse estilo
ressurge de forma vigorosa e renovada nos anos 60 e 70, especialmente na
pintura.
Esse novo realismo, que surgiu nos Estados Unidos e é
chamado de Hiperrealismo ou Foto-realismo, não carrega os princípios
conservadores do realismo acadêmico do século XIX. O Hiperrealismo concentra-se
no cotidiano do mundo contemporâneo, alinhando-se com a Pop Art nesse aspecto.
Além de abordar temas contemporâneos, ele faz uso de novas técnicas, como a
tinta acrílica, o aerógrafo e até mesmo a fotografia, que serve de referência
para os artistas hiperrealistas. As pinturas resultantes são tão precisas que
parecem ganhar vida e saltar da tela, causando um grande impacto no público,
muitas vezes levando-o a questionar se está diante de uma pintura ou de uma
fotografia.
Esse impacto é evidente nas obras de Chuck Close (1940-2021),
um dos mais renomados pintores hiperrealistas. Apesar de ter sido inicialmente
influenciado pelo expressionismo abstrato durante seus estudos na Universidade
de Washington em Seattle e na Faculdade de Arte e Arquitetura de Yale, nos
Estados Unidos, Close passou por uma mudança radical em sua pintura após
aprimorar suas habilidades artísticas em Viena, Áustria, graças a uma bolsa de
estudos. A partir de 1965, ele começou a criar pinturas em grande escala a
partir de fotografias, alcançando um nível de perfeição tão extraordinário que
se tornava difícil distinguir se era uma tela pintada ou uma fotografia.
Por volta de 1968, Close iniciou a criação de uma de suas
obras mais icônicas, Big Self-Portrait, um autorretrato em preto e
branco em dimensões monumentais. Para realizar esta obra, ele tirou uma série
de fotografias de si mesmo, dedicando quatro meses para completar o quadro.
Chuck Close com Big Self-Portrait (1968), na exposição Close Portraits, 1980, no Walker Art Center, Minneapolis, Estados Unidos. |
Entretanto, em 1988, Chuck Close enfrentou uma reviravolta
trágica em sua vida. O artista foi vítima de um coágulo sanguíneo na coluna
vertebral, resultando em tetraplegia. Persistente, ele começou a pintar
utilizando um pincel com a boca, seguindo os traços delineados por seus
assistentes nas telas. Com o tempo, ele recuperou parcialmente os movimentos
dos braços, mas continuou a pintar com a boca. Nesse período, Close começou a
desenvolver uma pintura hiperrealista com fortes influências do Impressionismo
e do Pontilhismo.
Chuck Close enfrentou desafios significativos nos anos
finais de sua vida após ser acometido por tetraplegia em 1988. Apesar dessa
adversidade, ele não se deixou deter e adaptou sua técnica de pintura,
utilizando um pincel segurado pela boca. Mesmo diante das limitações físicas,
Close perseverou e continuou a produzir obras notáveis, permanecendo ativo e
influente no mundo da arte. Sua determinação e criatividade foram exemplos
inspiradores para muitos.
O artista faleceu em 19 de agosto de 2021, aos 81 anos de
idade, em um hospital de Oceanside, estado de Nova York, nos Estados Unidos,
vitimado por insuficiência cardíaca congestiva .
Ficha técnica
Título: Big Self-Portrait
Artista: Chuck Close
Ano: 1968
Técnica: Acrílica sobre tela
Dimensões: 273 cm X 212 cm
Localização: Walker Art Center, Minneapolis, Estados
Unidos
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